segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Messias, o Ateu - parte 2

Todos os olhos estavam sobre Messias. Ele era o centro absoluto das atenções naquela pequena sala de uma repartição pública. Muitos artistas, palestrantes e políticos certamente já desejaram ardemente obter aquele nível de concentração de sua platéia. Mas ele nunca quis isso. Messias nunca fez questão de explicar a ninguém os motivos que o levaram a ser quem era, a pensar como pensava, a sentir o que sentia.

Entretanto, não havia volta. Era preciso dar àquelas pessoas algo para saciar suas curiosidades. Ele respirou fundo e então começou a falar sem ser interrompido:

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Messias, o Ateu - parte 1

Todos os dias ele cumpria o mesmo ritual. Acordava às seis da manhã, escovava os dentes com calma, tomava um banho de cinco minutos e vestia a roupa limpa e passada que estava separada num cabide desde a noite anterior. Tomava o café da manhã numa padaria do centro, assistindo ao telejornal matinal. Dois pães com manteiga na chapa e um suco de laranja. Não gostava muito de café por causa da sensação de calor que deixava na boca. Preferia as bebidas frias e refrescantes.

A vida de Messias era simples e previsível. Era assim que ele se sentia bem. Não era nenhum sociopata excêntrico. Gostava de viajar e de sair com os amigos, eventualmente. Entretanto, procurava sempre manter controle sobre todos os aspectos da sua rotina. Uma vida sem sobressaltos era sinônimo de felicidade para aquele pacato funcionário público.

Até o dia em que Antonio, um primo simpático e falastrão, o visitou no trabalho para pedir um favor. Enquanto o contrariado Messias ia até a sala do Diretor para providenciar os papéis e se livrar logo daquela inconveniência, Antonio aproveitava para puxar conversa com os colegas de trabalho de seu primo.